quarta-feira, 31 de julho de 2013

Paralelamente


Um incomum paralelepípedo da via
Comunicou-me com parcimônia, porém inconstitucionalissimamente
Que outro inexorável membro de sua mineral família
Seguia-o, há tempos, indubitavelmente


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Um pouco além


A luz de seu sorriso
E a lembrança de sua voz
São tudo o que preciso
Pra poder pensar em nós

O doce de seus lábios
E o carinho de suas mãos
São pra mim como atalhos
Ao paraíso dos cristãos

O calor de seu abraço
Seu cheiro suave de mel
Deles nunca me desfaço
E com eles chego ao céu

Seu gosto em mim permanece
E assim continuará
Meu amor não se enfraquece
E pra sempre durará

Amo-te hoje muito
E amanhã um pouco além
Mas ontem não te amava pouco
Aumenta sempre o querer bem

Assim como o desejo
Aumenta também o ardor
Cresce sempre o sentimento
E é infinito o amor


sexta-feira, 29 de março de 2013

Marcha fúnebre



                                                                                            lou
                                                                          Pu
   Correu           correu            correu                               

                                                                                                         caiu                morreu.


sábado, 23 de março de 2013

Artigo de luxo


Não espero
Não acredito
Não durmo
Não respiro

Não beijo
Não abraço
Não sinto
Não disfarço

Sinto frio
Sinto calor
Sinto ódio
Sinto amor

Sinto falta
Acho bom
Sinto saudade
Passo mal

Artigo de luxo,
original
Produto do lixo,
 surreal

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

À você




O amor antônimo de competição
A troca mútua de sonhos como prazer final
A cumplicidade de pensamentos, razão
E a complexidade do silêncio, sinal

Das pequenas sensações e vontades
Das intempestivas ações de pouco trato
Dos grandes dissabores e vaidades
A paixão triunfa como fato

Fato justificador da vida
Fator causal da existência
Fundamento dessa essência aturdida
Ser não só por impura conveniência

Significado de meu contentamento
Fonte de meu temor
Origem de meu deslumbramento
Esse pequeno gigante, o amor

É isso que representas para mim
Com o repente de um disparo
És meu meio e meu fim
Meu segredo, meu dia claro.

Mas hoje o dia demora a clarear.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Luz


Sem forma
A onda se transforma
Com a espuma que espalha
Com o vento que transborda

E o barco não afunda
Na água tão profunda
E o mar a tudo assola
E o céu a tudo assiste

Quieto, em silêncio
Imerso em pensamento
Na volta, pirueta
No momento em que existe

E insiste
E assiste
E existe
E existe?

Consola
Pra algo então serve
Servil, serviu
Ao teu e ao seu propósito

De marear, de marejar
De cair no ar
Levar o mar a navegar
De ver o céu então chorar

Pois que chore
Que implore
E que ninguém socorra
E que sozinho o céu morra

De morte doída
De morte sofrida
De morte morrida
Ou só de morte

De falta de sorte
Amor como norte
Fraqueza do forte
Final do farol

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Antiga de roda


Escrevi
Um poema pensando em você
Um poema para te envolver
Que falasse sobre o que em você eu vi

Versei
Em versos todo o seu esplendor
Palavras com todo o meu amor
O meu amor que lhe dediquei

E dedico
Em toda manhã em que lhe beijo
Em todo momento em que lhe vejo
E até mesmo quando não está aqui

Pois é amor
O que é o amor?
Se é amor
O que é o amor?

Perdi
A noção do tempo-espaço assim
A idéia do que eu faço, sim
E esqueci tudo o que já sofri

Troquei
A mágoa pela felicidade
O medo pela felicidade
E com você dividi tudo o que conquistei

E vivo
A cantar toda essa maravilha
O presente de te ter em minha vida
E o futuro que há de ser feliz

Pois é amor
O que é o amor?
Se é amor
O que é o amor?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O poema que não sai



Martelo em minha cabeça
Tentando encontrar uma rima
Mas não surge qualquer coisa que seja
Que pareça com a palavra de cima

E as ideias surgem desconexas
E tudo junto faz sentido algum
Talvez eu escreva aquelas coisas complexas
Que no fundo caminham até lugar nenhum

Minha caneta também já não escreve
E o papel está quase acabando
Quem sabe cortando minha pele
Algum sangue acabe pingando

E sirva pra mim como tinta
O próprio corpo compondo pro autor
Que não sabe que mundo ele pinta
Nem consegue escrever sobre o amor